Podemos estabelecer relações entre o quotidiano e o interacionismo simbólico e a escola de Palo Alto. Na nossa vida particular ou na nossa vida profissional, podemos, facilmente, concluir que a comunicação não é um processo linear. É, antes, um processo circular, de interrelações sociais que se afetam reciprocamente.
Na escola, a busca das causas redunda muitas vezes em fracasso, porque qualquer comportamento, tem de ser visto num contexto bastante alargado, o que nem sempre é possível. Por isso, procuram-se as causas. Costa e Matos (2007, p. 14) alertam que “nenhum comportamento pode ser analisado numa perspetiva de causa efeito, mas examinando um conjunto alargado de componentes bem como a diferentes níveis”.
Muitos dos conflitos que observamos na escola, muitas vezes, de difícil resolução, são, essencialmente, problemas comunicacionais. A procura das causas surge como uma forma de os resolver. No entanto, esse procedimento não é por norma eficaz. É necessário adotar uma postura diferente. “Para provocar mudança é necessário explorar as relações de forma circular ou reflexiva, levando os seus elementos a pensar, agir e sentir de forma diferente” (Costa e Matos, 2007, p. 25).
Tendo em conta que tudo o que o professor diz ou faz tem influência nos seus alunos, os docentes devem cuidar da forma como comunicam e metacomunicam com os alunos. Os alunos são jovens em crescimento e o professor pode ter grande importância no desenvolvimento da personalidade do aluno pela atitude que apresenta perante os discentes. Os alunos são, por norma, muito perspicazes em relação à postura do professor. Eles adaptam-se com muita facilidade. Por exemplo, nas escolas temos, por vezes, turmas de alunos que apresentam alguns problemas de indisciplina. No entanto, mesmo nessas turmas, ouvimos professores que afirmam: “eu não tenho nenhum problema com eles!”. Os alunos adotam uma postura diferente de acordo com o contexto. Essa alteração de comportamento pode acontecer porque o professor é mais rigoroso, ou, por outro lado porque é um «amigo». Os alunos adaptam-se ao contexto, sabem até onde podem ir. De qualquer maneira, é importante que os alunos sintam que o professor tem uma postura equilibrada, e que age de forma justa e equitativa.
Costa, E.; Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.
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