Relações inter-pessoais

Relações inter-pessoais

Novo Acordo Ortográfico

O novo acordo ortográfico está em vigor. No entanto, ainda tenho algumas dificuldades em cumprir todos os preceitos. A partir de 17 de Abril, vou tentar escrever de forma adequada às novas regras. Vou tentar!!

terça-feira, 10 de maio de 2011

As tutorias e os processos de resiliência


 
Atualmente, com a massificação do ensino que se verificou há algumas décadas atrás, frequentam a Escola alunos com uma grande heterogeneidade económica, social, cognitiva,… As debilidades que muitos apresentam não pode ser esquecida pelas escolas nem pelos professores. Alguns desses alunos são, sistematicamente, postos de lado pelos diversos atores: são vistos como “casos perdidos”. Contudo, sabemos, por experiência própria, que há muitos casos de sucesso, em que pessoas, hoje bem sucedidas, passaram por grandes dificuldades em determinados períodos da sua vida.
A partir da década de 90 do séc. XX, tem vindo a ganhar destaque ao nível psicológico e sociológico o conceito de resiliência. Pagliarulo refere que se trata de “la facultad que permite a las personas, no obstante las condiciones adversas, salir indemnes y transformadas positivamente por esa experiencia” (p.6). Masten (2001), citado por Cecconello (2003, p. 9), considera a resiliência como um “fenômeno caracterizado por resultados positivos na presença de sérias ameaças ao desenvolvimento da pessoa”. A mesma autora cita  Rutter (1996), para o qual “a resiliência está relacionada com variações individuais em resposta aos fatores de risco” (p. 19). A resiliência é, assim, um processo interativo e dinâmico, em que o indivíduo consegue enfrentar situações adversas, eventos traumáticos, perdas, pobreza extrema, e inverte uma lógica de afundamento através de uma trajetória positiva.
Alguns autores associam a resiliência a fatores de proteção, ou seja aspetos que favorecem a superação das dificuldades. Há em todo o processo uma grande interatividade entre o indivíduo e o meio. Garmezy e Masten (1994), citados por Cecconello (2003,) “identificaram três grupos de fatores de proteção: (1) características individuais, como autoestima, inteligência, capacidade para resolver problemas e competência social; (2) coesão familiar e apoio afetivo transmitido pelas pessoas da família, através de um vínculo positivo com os cuidadores; e, (3) apoio social externo, provido por outras pessoas significativas, como escola, igreja e grupos de ajuda” (p. 24). Marcos (2011) refere-se aos “pilares da resiliência”. Edith Grotberg (1995), citada por Pagliarulo, destaca três fatores: suporte social, habilidades e força interna.
A escola, perante casos de dificuldade, deve atuar, não pode ser “cega e surda”. É obvio que há outras instituições que podem ter um papel importante no acompanhamento de jovens que apresentam quadros traumáticos que perturbam o seu desenvolvimento. Contudo, a Escola tem que ser ambiciosa e dar o seu contributo, não esquecendo que constitui um espaço privilegiado de inter-relações. Os professores devem assumir-se ativamente no apoio a estes jovens. Mas todos os alunos precisam de apoio, de atenção,… A figura de professor tutor pode ser uma resposta da escola. Para Pagliarulo, a tutoria é um processo pelo qual se ajuda os indivíduos,  a conquistar uma autocompreensão e autonomia necessárias para conseguir a máximo adequação às exigências da escola, do lar e da comunidade (p.3). A mesma autora considera na ação tutorial a palavra constitui um recurso insubstituível, dado que com ela se estabelece um vínculo e ambos estimulam e enriquecem as relações humanas (idem). Pagliarulo afirma que a tutoria se constitui com palavras, palavras para escutar, para compreender, para orientar, para expressar, para explicar, para relacionar, ou seja, para construir a comunicação.
No entanto, quando falamos de tutorias na escola, torna-se necessário que a ação tutorial não surja de forma isolada, mas enquadrada num plano tutorial que marque, claramente, a escola como um fator de proteção e não mais um fator de risco. Por outro lado, é essencial que, numa perspetiva ecológica, a ação tutorial com estes jovens em situação de grande vulnerabilidade se desenvolva em conjunto com outros parceiros e todos a trabalhar na mesma direção quiçá os processos de resiliência sejam mais frequentes.

Cecconello, A. M. (2003). Resiliência e vulnerabilidade em famílias em situação de risco. Tese de Doutoramento não publicada, Curso de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS. Disponível em www.psicologia.ufrgs.br/cep_rua, Acedido em 2011-05-07

Pagliarulo E. (s/d). Tutoría educativa: espacio para la construcción de resiliência.
Acedido em: 2011-5-07

Yunes, M. (2003). Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. In Psicologia em Estudo, Maringá,v. 8, num. esp., p. 75-84, 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pe/v8nspe/v8nesa10.pdf
Acedido em 2011-05-08

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