Os conflitos escolares são frequentes porque atualmente frequentam a escola “alunos com diferentes vivências, com diferentes expectativas, com diferentes sonhos, com diferentes valores, com diferentes culturas e com diferentes hábitos” (Chrispino, 2007, p. 16). Cada aluno tem a sua personalidade, os seus gostos e preferências, … que sustentam as atitudes que são assumidas em cada momento. O choque, a divergência, a oposição são, assim, situações naturais e, naturalmente, frequentes. Ao falarmos de conflito escolar temos que pensar, principalmente, nas divergências entre alunos, nas divergências entre alunos e professores ou outros adultos da escola e mesmo entre professores. Existem também diferentes perspetivas entre os elementos da escola (professores, funcionários, gestores) e os pais e encarregados de educação. Os conflitos escolares são, assim, uma realidade.
Segundo Jonhson e Jonhson (1995), citados por Costa e Matos (2007), os conflitos nas escolas podem ser classificados como:
· Controvérsia - as ideias, informações,…opiniões de um indivíduo são incompatíveis com as de outro, mas em que ambos procuram um entendimento;
· Conflito conceptual – existem, simultaneamente, ideias incompatíveis, não sendo a informação recebida compatível com o conhecimento pré-existente, e o indivíduo deteta controvérsia com posições anteriores;
· Conflito de interesses – na persecução dos seus objetivos, as ações de um sujeito colidem com os propósitos de outro;
· Conflito desenvolvimental – forças opostas de estabilidade e de mudança coocorrem em atividades incompatíveis entre adultos e crianças. (pp. 75, 76)
A Escola em vez de negar a sua existência de ou de os ignorar à espera que estes desapareçam deve aprender a resolvê-los, encarando-os como potenciadores do desenvolvimento dos alunos e professores. Para Chrispino (2007), a Escola deve ter consciência do seu papel na superação dos conflitos para, assim, cumprir as suas finalidades e alerta para a necessidade de perceber a existência do conflito e de reagir positivamente, transformando-o numa ferramenta que denomina de «tecnologia social».
Costa e Matos (2007) afirmam mesmo que o “conflito existe e é necessário para a mudança” (p. 76) e defendem que “o objetivo não é evitar o conflito mas lidar com ele de uma forma que minimize o seu impacto negativo e maximize o potencial positivo inerente” (idem). Os conflitos escolares mais comuns são interpessoais e podem transformar-se em fenómenos como o insucesso escolar, a indisciplina na sala de aula, o absentismo, a violência escolar e, mesmo, o abandono escolar.
Os conflitos escolares podem, assim, ser aproveitados para o desenvolvimento dos diversos atores da Escola. No entanto, estes conflitos tornam-se, por vezes, violentos, e para além do necessário trabalho de prevenção, é indispensável uma intervenção remediativa. Os jovens revelam alguma agressividade natural que alguns autores como Bertão (2004) consideram essencial no desenvolvimento. Contudo, os jovens devem aprender a controlar essa agressividade natural e aprender a resolvê-los de forma pacífica, através do diálogo. Atualmente, entre os jovens a resolução violenta dos conflitos é frequente. Perante a existência de atos violentos não podemos adotar posições extremadas: «dramatização excessiva» ou «denegação». A Escola tem de assumir um papel preponderante na transmissão de valores, não pode ser neutra, deve educar para a Paz, para a democracia, para os direitos humanos. Mais do que adotar estratégias remediativas na resolução de conflitos, deve ser adotada uma estratégia global que promova a aceitação das diferenças e a coabitação entre todos em que os valores do diálogo sejam incutidos.
Referências Bibliográficas
Bertão, A. (2004). Violência, agressividade e indisciplina em meio escolar: perdidos em busca do amor. In Revista Psicológica, n.º 36, 149-162.
Chrispino A. (2007). Gestão do conflito Escolar: da classificação dos conflitos aos modelos de mediação. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Rio de Janeiro, v.15, n.º 54, jan/mar 2007, p. 11-28.
Costa, E. e Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.
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