Relações inter-pessoais

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Novo Acordo Ortográfico

O novo acordo ortográfico está em vigor. No entanto, ainda tenho algumas dificuldades em cumprir todos os preceitos. A partir de 17 de Abril, vou tentar escrever de forma adequada às novas regras. Vou tentar!!

sábado, 25 de junho de 2011

O que é o Bullying?

Este termo de origem anglo-saxónica surgiu em Portugal para denominar um certo tipo de comportamento violento, cuja tradução é difícil. O bullying escolar não é um fenómeno recente. Thomas Hughes, num romance que retrata os anos 50 do séc. XIX,  relata o caso de um rapaz vítima de um grupo de bullies. O interesse por esta problemática, de forma mais consistente, teve início com os estudos sobre violência escolar de Dan Olweus, professor na Universidade de Bergen na Noruega, na década de 70 do séc. XX. Foi, no entanto, depois do suicídio de três meninos entre dez e catorze anos na Noruega, em 1983, que a temática ganhou grande desenvolvimento. Outro marco significativo foi a “Conferência Europeia sobre iniciativas para combater o bullying nas escolas”, em 1998. Atualmente, a bibliografia é extensa e se fizermos uma pesquisa com a palavra “bullying” na Internet, surgem-nos mais de quinze milhões de entradas. Debarbieux (2007) considera que “a importância concedida a este fenómeno deve-se ao seu impacto sobre o clima e o sucesso escolar e às consequências psicológicas graves que ele pode arrastar” (p. 107)
Definir o bullying constitui uma tarefa difícil, uma vez que envolve inúmeras situações. Há no entanto, alguns traços comuns nas definições encontradas. Para Olweus citado por Debardieux (2007), “bullying é o abuso de poder agressivo e sistemático a longo prazo” (p. 107). Haber (2007) define bullying “um padrão repetitivo ou crónico de um comportamento lesivo que envolve o intuito de manter um desequilíbrio de poder” (p.20). “O bullying é o abuso sistemático de poder” (Pereira, Silva e Nunes, 2009, p. 455 e Pereira e Pinto, 1999, p. 20). “É uma forma de comportamento agressivo, entre pares, usualmente maldosa, deliberada e persistente, podendo durar semanas, meses ou anos, sendo difícil às vítimas defenderem-se a si próprias” (Pereira, 2001; Smith; Sharp, 1994, citados por Pereira, Silva e Nunes, 2009, p. 458). “Farrington (1993) descreve o bullying como a opressão repetida, psicológica ou física em que existe diferenças de poder, ou seja, o agressor tem mais poder que a vítima” (Pereira, 2006, p.45).
Sintetizando, o bullying é a ação em que um ou mais indivíduos (agressor/bully) agridem outro(s) (vítima/bullied) de forma intencional e repetida ao longo do tempo. Este tipo de conduta envolve, também, outros indivíduos que assistem de forma passiva (testemunhas).
De acordo com os estudos nacionais e internacionais realizados, podemos encontrar situações de bullying escolar nos diversos níveis e ciclos de ensino. De acordo com Beane (2006), “o bullying começa no jardim de infância, parece atingir o seu auge durante os 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico e declina no Ensino secundário” (p. 9). Pereira (2006) refere, ainda que com o aumento da idade o número de situações de vitimação reduz, embora “os casos persistentes sejam mais graves e refinados” (p.49).
Tanto rapazes como raparigas estão implicados em ações de bullying, embora de acordo com estudos de Matos & Carvalhosa (2001) afete mais frequentemente os rapazes. O bullying no masculino tem uma prevalência física, enquanto no feminino incide principalmente na ação psicológica. Segundo Pereira (2006), as raparigas são mais sujeitas a agressões indiretas, enquanto nos rapazes e nas crianças mais novas são mais frequentes os confrontos diretos. Os estudos de Pereira e Pinto (1999) também indicam que o bullying é mais frequente entre rapazes do entre raparigas, confirmando os estudos de Garcia e Perez (1989); Roland (1989); Whitney e Smith (1993); O’Moore, Kirkham e Smith (1997).

Referências Bibliográficas
Beane, A. (2006). A sala de aula sem Bullying. Porto Editora. Porto.
Carvalhosa, S. F., Lima, L. e Matos, M.G. (2001). Bullying – A provocação/vitimação entre pares no contexto escolar português. Disponível em www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v19n4/v19n4a04.pdf. Acedido em maio de 2011.
Debarbieux, E. (2007). Violência na Escola – Um desafio Mundial?. Horizontes Pedagógicos. Instituto Piaget. Lisboa.
Haber, J. e Glatzer J. (2009). Bullying – Manual antiagressão. Casa das Letras. Alfragide.
Pereira, B. e Pinto, A. (1999). Dinamizar a Escola para Prevenir a Violência Entre Pares. Sonhar, VI, 1 (Maio-Agosto), pp. 19-33
Pereira, B. (2006). Prevenção da violência em contexto escolar: Diagnóstico e programa de intervenção. In João Clemente Souza de Neto e Maria Letícia B. P. Nascimento. Infância: Violência, Instituições e Políticas Públicas. São Paulo, Expressão e Arte Editora, pp. 43-51
Pereira, B.; Silva, M. e Nunes, B. (2009). Descrever o Bullying na Escola: estudo de um agrupamento de escolas no interior de Portugal. In Revista Diálogo educação, Curitiba, v. 9, n.º 28, pp. 455-466, set/dez. 2009

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